A costureira veio morar no bairro Cruzeiro onde teve a sua filha que tinha um grave problema de coração. Costureira habilidosa que era, conseguiu sustentar a casa e a filha, que apesar de estar crescendo bonita, era muito doente.
Já moça, crescida e bela, a filha da costureira, a exemplo da mãe, também se apaixonou por um belo rapaz que também trabalhava na Morro Velho e a ele, também se entregou por amor, com toda a força do seu coração, como também tinha que ser.
Este rapaz, em uma infeliz concidência, também prometeu casamento à filha da costureira.
A costureira, esperançosa de ver o seu velho sonho de casamento realizado, pela sua filha, lhe faz um belo vestido de noiva, ainda mais deslumbrante que o que tinha confeccionado para si mesma. Mas como aconteceu com a mãe, no dia marcado para o casamento, o noivo também não apareceu e nunca mais tiveram notícias dele.
Como era a filha da costureira muito doente, o seu frágil coração não suportou esta má sorte e mesmo grávida, morreu de tristeza.
Desolada com a tragédia, quiz a mãe costureira que a filha fosse enterrada com o vestido de noiva, como se também enterrasse de vez o seu sonho de casamento, desejo este que só lhe trouxe dor e tristeza. E assim foi feito.
Passado alguns dias, após o enterro da filha, a costureira, em sua casa, mal suportava a saudade. Com muita tristeza, e confusa a costureira ia até o guarda-roupa e vestia o seu antigo vestido de noiva, o primeiro que havia feito para ela mesma.
A depressão e o desespero a faziam caminhar pelo boqueirão no bairro Cruzeiro á noite, vestida de noiva.
O primeiro dono da mina de Morro Velho foi o Padre Antônio Freitas, que também construiu a Casa Grande e sobre ele reza a seguinte lenda.
O padre, então dono da Mina, era muito sovina, andava de batina preta e sempre levava preso ao pescoço um cordão com as chaves do sacrário.
Todos os dias, o padre ia até a um cômodo da Casa Grande, que servia para guardar alimentos. Certa ocasião reparou que o toucinho e o queijo estavam mordidos. Com muita raiva mandou bater na escravizada responsável por tomar conta dos alimentos alí guardados.
No outro dia, reparou novamente que o toucinho e o queijo estavam mordidos. Mandou bater novamente na escravizada e assim foi durante todos os dias seguidos até que a pobre cativa morreu de tanto apanhar.
Depois da morte da pobre escravizada o padre foi novamente conferir o depósito e de novo reparou que o toucinho e o queijo estavam mais uma vez mordidos. Implicado ficou na porta tentando imaginar o que podia estar acontecendo, quando reparou que um gato estava saindo pela fresta do telhado.
Elucidado o mistério, o padre cuidou de capturar o gato, prendeu-o em um quarto escuro e começou a chicotear o bichano. Todo felino quando acuado e atacado, percebendo que não há chances de escapar, contra ataca usando suas garras, e assim aconteceu. O gato pulou no pescoço do padre e provocou-lhe um corte profundo com suas unhas afiadas.
Contam que o padre morreu agonizando no chão, enquanto perdia sangue devido ao corte no pescoço provocado pelas afiadas unhas do gato.
Também contam, que o gato ao unhar o pescoço do padre, também cortou o cordão que ele trazia preso ao pescoço com as chaves do sacrário e estas se perderam em meio a trágica morte do padre.
Depois deste fato, os antigos diziam que uma misteriosa luz ficava vagando pelos morros de Nova Lima e diziam ainda ser a alma do padre procurando pelas chaves perdidas do sacrário.
Na parte baixa da cidade, um menino de mãos dadas com a sua mãe repara em uma luz que se movia no morro na parte de cima. A criança perguntou a mãe o que era aquela luz misteriosa, no que ela respondeu ser a alma do padre procurando pelas chaves do sacrário.
No morro de onde se avista a cidade, um vigia com um lampião tomava conta dos terrenos da Morro velho para evitar invasões nas terras da empresa.
Esta lenda é antiga e não será difícil encontrar na cidade alguém de mais idade que não tenha visto a misteriosa luz que segundo diziam era a alma do padre procurando pelas chaves do sacrário.
"Importante dizer que as lendas são narrativas fantasiosas sobre fatos reais. Ou de uma forma mais completa, podemos também dizer que as lendas têm um caráter e misturam fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente produtos da imaginação aventuresca humana."
Elmo Gomes