Uma vez posicionados na arena, Mouros perfilados de um lado e Cristãos de outro, tem início a primeira embaixada em que o Enbaixador Cristão reclama de volta o território conquistado pelos Mouros e propõe a conversão destes ao Cristianismo. Em resposta o embaixador Mouro reconhece a religião cristã e exalta o santo homenageado, São Jorge. De acordo com a tradição, nesta batalha o espírito do Critianismo teria baixado naquele lugar e evitado um derramento de sangue. Em outra versão, nesta batalha o exército Mouro reconhece a superioridade numérica do exército Cristão e não havendo alternativa se rende ao Cristianismo e se alia aos Cristãos.
Após a primeira embaixada, ambos os exércitos se retiram da arena e tem início a preparação para o levantamento do Mastro principal a ser erguido bem ao centro da arena. Antes do levantamento, a frâmula e dez fitas nas cores azul, vermelho, amarelo, verde e branca são presas na extremidade do mastro abaixo da flâmula do Santo. Após esta preparação tem início a cerimônia de levantamento do mastro aonde cavaleiros, pessoas envolvidas no evento e o público prestigiador são convidados a participarem desta tarefa, isto simboliza que somente a união de todos eleva o espírito Cristão, a exemplo do erguimento do primeiro mastro no sábado. Com a utilização de varas (madeiras arredondadas de oito metros cada) a servirem de "tesouras" com o intuiro de facilidar o levantamento. Começa então a árdua tarefa de erguer o mastro que até chega a causar ansiedade em todos dada a dificuldade da tarefa. Uma vez erguido o mastro e bem fixado ao solo, tem início a uma queima de fogos de artifício que simboliza a queima dos Deuses pagãos e os sons da guerra. Gritos de "Viva São Jorge" e "Viva a Cavalhada" ecoam pelo local da festa nas vozes de todos os presentes.
O mastro tem um significado importante na Cavalhada, ele é o "elo", a ligação da terra com o céu e nesta dramatização ele também simboliza o marco das novas fronteiras reconquistadas pelo Cristianismo. Após o erguimento do mastro, dez fitas de cores diferentes, conforme descrito anteriormente e já presas em sua ponta são cuidadosamente distribuidas a dez moças espalhadas no círculo da arena que entregarão as pontas das mesmas a dez cavaleiros, cinco Mouros e cinco Cristãos.
Estando tudo preparado as dez moças permanecem na arena com as fitas esticadas enquanto acontece a segunda embaixada em que ambos os embaixadores enaltecem a fé cristã e revereciam São Jorge.
Após esta embaixada, tem início ao entrelaçamento de fitas, dez cavaleiros, cinco Mouros e cinco Cristão se unem para esta manobra simbolizando a união dos dois exércitos em prol do cristianismo. Estes cavaleitos recebem das moças as fitas e vão conduzindo os cavalos entrando um pelo lado de dentro do outro. Com esta curiosa manobra começam a entrelaçar as dez fitas no mastro ao som de uma valsa executada pela coorporação musical. As fitas de diferentes cores simbolizam, diferentes povos que se unem em torno do cristianismo e também cada cor tem lá o seu significado, como o azul da cor do céu, o verde da esperança, o amarelo da riqueza, o branco da paz e o vermelho do amor. Após as fitas serem trançadas em todo o mastro, elas são amarradas ao pé do mesmo. Este amarração das fitas simboliza que se amarra o compromisso com a fé cristã. O entrelaçamento de fitas é um dos momentos mais esperados do auto da Cavalhada de São Jorge.
Em seguida se iniciam as manobras com cavalos que simbolizam a união dos dois exércitos, como por exemplo, a manobra do oito, uma amizade que nunca termina. Manobra da lua crescente, uma amizade que nasce. E o quebra garupa mais a manobra do nove que demonstram a destreza dos cavaleiros, relembrando os torneios medievais que originaram as cavalhadas.
Ao final de tudo, todos os cavaleiros desfilam na arena acenando lenços brancos, em tom de despedida prometendo voltarem no próximo ano com a benção de São Jorge e se assim Deus permitir. Fogos de artifício abrilhantam esta despedida e desta forma, termina o auto da Cavalhada de São Jorge.
Apesar da Cavalhada de São Jorge estar se apresentando nos últimos anos com toda pompa e circustância, principalmente devido a forte intervenção do poder público municipal, é uma manifestação que corre risco de cair no esquecimento. Isto porque toda ela estava concentrada nas mãos de uma única pessoa, Sr. Benedito Felício Cornélio (Benér Cabela Leve) seu fundador 'im-memoriam' e atualmente Sr. Joãozinho, seu sucessor. Seus líderes (poucos) tem dificuldade em montar uma diretoria para emprestar um caráter jurídico a entidade e desta forma envolver mais pessoas e facilitar a capitação de recursos mediante leis de incentivo. E não há uma preparação com relação aos mais jovens a fazerem parte da Entidade.
Tal situação requer do poder público municipal, que se incentive mais pessoas a participarem desta manifestação que já é tradicional na cidade. Este incentivo deve se ater ao fator motivacional, para que a manifestação aconteça por si só, sem interferências não comprometerem sua essência. Trabalho difícil, mas não impossível. Obviamente que o seu líder deve ser o primeiro a ser convencido desta nessecidade, até mesmo para passar conhecimento ao seu sucessor, ou sucessores. Trabalho semelhante foi feito com a Cavalhada de São José Operário, que após quatro anos de paralisação foi resgatada envolvendo as lideranças da própria comunidade e que hoje promovem um projeto de continuidade da manifestação que vai desde a apresentação de uma Cavalhada infantil, com meninos com Cavalos de Papelão até a apresentação da Cavalhada Juvenil que já conta com a participação dos meninos agora crescidos que outrora participaram da primeira cavalhada mirim.
Outro fator de extrema importância é o motivacional. A Cavalhada em tempos antigos fazia a sua apresentação sem qualquer apoio por parte do Poder Público. A comunidade se mobilizava. É que antes o fator de motivação tantos dos personagens que atuavam (os cavaleiros), seus dirigentes e comunidade o faziam pela motivados pela fé. Hoje a Cultura de Massa sufoca a tradição e o fator motivacional passa de devocional a estético. Os cavaleiros dão mais valor a indumentárias mais estilizadas que lhes emprestam um caráter de atores e por consequência apreciam os aplausos do público durante a apresentação.
Uma manifestação folclórica por definição nasce e morre conforme a necessidade do povo. Por outro lado a fim de se manter vivas a nossas manifestações culturais populares que são a nossa verdadeira identidade cultural, faz-se necessária uma intervenção cuidadosa, como dito anteriormente, que motive os participantes desta manifestação sem comprometer a essência desta.