A CAVALHADA DE SÃO JOSÉ OPERÁRIO
A Cavalhada de São José Operário foi fundada em 1954 pelo Sr. Zico, que veio de Amarantina em Ouro Preto, M.G. aonde praticava a Cavalhada e a trouxe para o bairro Honório Bicalho em Nova Lima, M.G. aonde acontece até os dias atuais embora já passou por duas interrupções, mas sempre retornando com mais força.
A Cavalhada de São José Operário também de origem portuguesa mas com traços de aculturação espanhola tem as suas peculiaridades que a difere das demais, principalmente no envolvimento da comunidade e no êxito da manutenção de suas tradições.
Na Cavalhada de São José Operário de Honório Bicalho em Nova Lima, há um trabalho de manutenção das suas tradiçoes que basicamente trata-se do envolvimento direto da comunidade. O legado é passado aos corredores desde a tenra idade através de uma apresentação denominada de Cavalhada Mirim, a adolecência na forma de apresentação da Cavalhada Juvenil até a idade na apresentação do auto da Cavalhada. Nas três modalidades de apresentação, o roteiro é o mesmo, diferenciando aí a Cavalhada Mirim que se apresenta em cavalos de papelão.
A Cavalhada de São José Operário de Honório Bicalho se apresenta em dois dias, sábado e domingo, no mês de julho e a festa começa com o tradicional "Café Comunitário" que acontece no sábado às 5:00 horas da manhã aonde os moradores "são convidados" a participarem com rojões de vara (fogos de artifício do tipo treme terra) e o badalar do sino da Igreja de São José Operário, quando então saem de casa levando as iguarias para a praça principal depositando-as em uma grande mesa. Depois que todos chegam, tem início a uma reza e bençãos e após isso todos se fartam com o Café Comunitário e em seguida se dirigem para a arena de apresentação da Cavalhada aonde a comunidade em regime de multirão ajuda na ornamentação da mesma.
Ainda no Sábado, porém a noite, acontece uma missa festiva com a presença de todos os cavaleiros que após a mesma saem em procissão até a arena de apresentação aonde asteam a flâmula do santo padroeiro em um mastro que a exemplo de outras manifestações folclóricas simboliza o elo, a ligação da terra com o céu e avisa a todos que está acontecendo a Festa da Cavalhada de São José Operário. Ao contrário da Cavalhada de São Jorge, nesta manifestação não há o erguimento do mastro, este já se encontra fixado ao solo.
Após o levantamento da flâmula no mastro, tem início a apresentação da Cavalhada Juvenil que segue o mesmo roteiro do auto da Cavalhada adulta no domingo que descreveremos a seguir. Após a apresentação da Cavalhada Juvenil tem início a um show de música sertaneja visando movimentar as barraquinhas.
No domingo a partir das 13:00 horas, tem início a tarde de lazer da Cavalhada com a realização de um bingo. Na sequência, às 16:00 começa o Auto da Cavalhada de São José Operário com a entrada na arena de apresentações de todos os componentes, 12 cavaleiros Mouros trajando vestes vermelhas, 12 cavaleiros Cristãos trajando vestes azuis, O Imperador Cristão Carlos Magno, O Sultão da Mauritânea (rei Mouro), a princesa Floripes, filha do Rei Mouro e os dois espias (palhaços) mouros. Os cavalos são ricamente ornamentados com fitas e guizeiras. Todos perfilam em linha reta na arena de frente para três mastros aonde serão asteadas as bandeiras do Brasil, de Minas Gerais e de Nova Lima pelos escoteiros de Nova Lima ao som do Hino Nacional Brasileiro tocado por uma Coorporação Musical. Após o Hasteamento das bandeiras há a bençao da Cavalhada por parte do pároco da comunidade de Honório Bicalho.
Após a benção começa o Auto da Cavalhada de São José Operário embalado por dobrados executados pela coorporação musica. o primeito ato é entrada do exército Mouro, tendo a frente o Sultão da Mauritânea acompanhado de sua filha Floripes e os espias Mouros (palhaços) buscando o reconhecimento do território. Após a saída dos Mouros, entra na arena o exército Cristão comandado pelo Imperador Carlos Magno percorrendo as terras inimigas.
Na sequência temos a apresentaçao do exército Mouro, agrupando e preparando-se para a guerra em decorrência da invasão do exército Cristão em seu território. Em seguida há a preparação do exército Cristão que se agrupa temendo a represália do Mouros em decorrência da invação deles ao território dominado pelos Mouros. Depois acontece a corrida do "X" quando os dois exércitos percorrendo seus domínios buscam inteirar-se da situação dos seus territórios (ou áreas dominadas). Depois de tudo acontece a corrida do "8" (oito) de todos, movimento em que todos os exércitos se cruzam na arena (campo de batalha), fazendo cada um estudos sobre os exércitos, com o objetivo de organizarem suas manobras e estratégias.
Termina então o primeiro plano da Cavalhada culminando com a morte do Espia Mouro (palhaço) pelo Embaixador Cristão, no que os companheiros Mouros recolhem o seu corpo em uma espécie de cortejo fúnebre.
Começa então o segundo plano da Cavalhada que parte da diplomacia; os embaixadores Mouros e Cristãos dão suas embaixadas a comando de do Rei Cristão e do Sultão da Mauritânia posicionados nos castelos (um azul para o Rei Cristão e o outro vermelho para o Sultão). O embaixador Cristão propõe a devolução do território conquistado e conversão dos Mouros ao Cristianismo e o embaixador Mouro que os Cristãos se retirem imediatamente do território conquistado.
A embaixadas, bem dramatizadas, não resultam em nada. Nenhum dos dois exércitos cede. Na encenação, tudo indica que a balatalha é inevitável. A luta entre Mouros e Cristãos irá acontecer.
Após a dramatização descrita acima, tem início o terceiro plano, o militar, com a corrida do "quebra garupa", que simboliza a luta dos soldados usando como armas, as "chopas" (lanças), atacando os inimigos, representados pelas "margaridas" (cabeças de panos azuis e vermelhas). As cabeças azuis representam os cristãos e as vermelhas os mouros e os soldados de cada exército tentam expetar as choupas da cor inimiga. Esta corrida simboliza a guerra.
Na batalha descrita anteriormente, não houve vencedor. Temos então a corrida do "Florão de Fugida", onde os exércitos saem do campo de batalha e neste momento acontece o rapto da princesa Florípes pelo soldado cristão Guido de Borgonha, terminando assim o terceiro plano da Cavalhada.
Antes do quarto plano da Cavalhada os soldados mouros e cristãos entram a pé até o centro da arena, onde será realizado o casamento da Princesa Florípes com o soldado cristão Guido de Borgonha. Nesta etapa da dramatização os soldados ficam perfilados um de cada lado, cristãos de um lado e mouro de outro, fazendo uma espécie de corredor. A Princesa Florípes de forma emotiva, convence o pai, o Almirante Balão, Rei dos Mouros, as vantagens de se converter ao cristianismo e por fim a guerra. O líder dos mouros declara então, aceitar a fé cristã e por fim ao conflito, submentendo a se e todo seu exército ao batismo para tornarem-se cristãos. Então dos dois reis se abraçam juntamente com o casal em um momento de confraternização.
Tem-se início então ao quarto plano da Cavalhada, chamado de Plano de Desporto e as manobras a cavalo nos remetem aos torneios de galanteria praticados na Idade Média por ocasião da retomada da Península Ibérica por parte dos Cristãos. Percebemos também neste quarto plano a destreza dos cavaleiros e toda esta praxe, era então praticada nos países Espanha e Portugal e que originaram as Cavalhadas no Brasil.